segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

UMA HISTÓRIA DIFERENTE, PARA PESSOAS DIFERENTES


Eu fui um troféu para você e não percebi, engraçado porque eu sempre te dei o meu melhor, mas para você eu só servia para estar na rodinha dos amigos, fotos e risadas falsas. Como eu pude não perceber?
Quando estávamos sós, você ficava distante, a todo instante no whatsaap, nosso beijos ficaram frios e você distante. Mas quando estávamos em público parecia o melhor namorado do mundo, excerto quando o meu melhor amigo John estava perto. Quando ele chegava, você se afastava de mim e iria sorrindo ao encontro dele, passavam horas conversando e você esquecia da minha existência.
Nós brigávamos tanto, eu tinha tanto medo de te perder, te sentia escorrer entre meus dedos, você evitava me tocar e quando falamos de sentimentos, do nosso futuro, você sempre se esquivava. Eu passei noites chorando, pensando que o problema era eu, mas numa noite durante uma festa, enquanto você me exibia como troféu, em busca de status sociais, você viu o John chegar.
E de repente tudo mudou, você se afastou de mim, percebi uma troca ardente de olhares entre você e ele. Depois de alguns instantes, você beijou a minha testa e disse que precisava ir ao banheiro, e foi. Enquanto eu, tomei uma dose de vodca, com os olhos marejados, respirei fundo e tomei coragem para ir atrás de você, e encontrei tudo que eu sempre tive medo de acontecer, você com outra pessoa.
Não qualquer pessoa, mas com o meu melhor amigo, não suportei aquela cena, você o beijava com nunca me beijou, com amor, com vontade, você o abraçava como nunca me abraçou e a minha fixa caiu. Você só precisava está comigo para não ter que assumir sua homossexualidade, você foi tão insensível e pensou apenas em si mesmo, que esqueceu que eu te amava.
Me usou de troféu para se exibir, para não ter que encarar a verdade e o pior, se aproveitou de mim se aproximar do John e os dois de forma baixa, sem nenhuma empatia, estavam tendo um caso. Eu confidencializei toda a minha vida para ele, contava do nosso relacionamento, chorava em seus braços e ele me golpeou de forma egoísta.
Não sabia o que fazer, se gritaria e iria expor tamanha traição, ou simplesmente sair e fingir que eu nada vi. Meu coração ficou despedaçado, então eu sai dali, fui embora, estava humilhada, ferida, com raiva e decepcionada. Quando cheguei em casa, meu celular tocou era você e eu não atendi, você me ligou de três a quatro vezes, até que desistiu e me mandou mensagem, mas eu também não respondi.
Deite-me na cama e deixei a tsunami de lágrimas escorrerem pela minha face, não tinha ideia que amar alguém podia doer tanto. Meu celular tocou mais uma vez, dessa vez era o John, eu não atendi. De repente a campainha da minha casa tocou, eu não me levantei. Não tinha forças para nada, só para sentir a dor que tomava de conta de tudo dentro de mim. Adormeci em meio as lágrimas e quando acordei, lá estava você, sentado na cadeira, olhando para mim.
Maldito dia em que te dei a cópia da chave da minha casa, eu me levantei num salto e em disparada fui em sua direção, queria te agredir, te xingar, te dizer o quanto eu te odiava, mas eu não consegui, cai em seus braços e comecei a chorar, como uma criança que precisava de colo.
-Como você pode? –falei em meio ao soluço.
Você deu um suspiro, já sabia que eu tinha descoberto da sua traição e respondeu:
-Não foi nada planejado, eu juro, não queria que fosse assim. É verdade, eu fui um canalha com você e peço perdão, mas eu me apaixonei pelo John, só que eu não podia expor esse sentimento, você sabe como é difícil assumir isso, eu não estava preparado para enfrentar preconceitos e o pior, para encarar você.
Eu não sabia se sentia ódio ou pena dele ser um ser humano, que usa as pessoas como objetos para não ter que encarar seus próprios medos. Olhei para ele com olhos avermelhados e cheio de lágrimas, e disse:
-Você não vai ter o meu perdão, você me usou como um objeto para que todos não soubessem a verdade sobre a pessoa desprezível que você é, manipulador, traidor e mentiroso, fraco. Você é um fraco, incapaz de encarar a sua própria verdade. Saia da minha casa e esqueça da minha existência, eu te odeio!
Os olhos dele ficaram marejados e ele se levantou sem falar nada, saiu.
E eu fiquei com a minha dor, os dias passaram se arrastando e ficou cada vez mais difícil lidar com a situação, eu estava me sentindo o lixo, queria me livrar da dor e comecei a me embriagar, dia após dia. Até que depois de alguns meses, voltei a sorrir, tinha propósitos e não podia permitir que a dor fosse maior do que meus planos.
Voltei para a faculdade, era difícil lidar com as perguntas e até mesmo de ver o John passar pelo corredor, nos tornamos inimigos, eu o odiava por ter mentido e me manipulado, ele no entanto nem se quer teve a sensibilidade de me pedir perdão, após aquele dia, ele se afastou e fingiu que eu não era ninguém, e assim eu também fiz.
Foram anos amargos, mas eu consegui me reerguer, e eles se assumiram, começaram um relacionamento. E eu conheci outra pessoa, um cara incrível, um namorado excelente, presente, atencioso, que satisfazia meus desejos e no último ano da faculdade, me surpreendeu com um buquê de flores vermelhas e um pedido de casamento. Hoje eu lembro do passado e dou risadas, eu era ingênua, confiava em todos, mas agora, passei a entender que confiar, é se atirar de um penhasco, sem saber ao certo se tem água ou pedras, mas que acima de tudo, amar também é confiar, mas está consciente que em algum momento eu posso me machucar.

-Nívea Alves

O CONVITE DE CASAMENTO


A nossa história começou num dia ensolarado, com brisa leve e troca de olhares ardentes. Você sorriu e eu retribui, não conseguia disfarçar, já estava totalmente entregue a seus encantos. Você se aproximou como se não quisesse nada, frisou seus lindos olhos castanhos em mim e antes mesmo que eu percebesse já estava apaixonada. Os próximos dias foram quentes como as tardes de verão e não demorou muito para assumirmos a chama ardente que existia em nosso peito.
Então o nosso romance começou, como um livro repleto de clichês que eu adorava viver, mas tudo em segredo, assumidos e apaixonados, mas em sigilo, você sempre me falava que o que ninguém sabe, ninguém estraga, eu concordei, o que eu poderia fazer? Só não queria te perder.
Foram meses intensos, com despedidas que doía na alma, mas tranquilizava o coração por saber que você iria voltar, você sempre voltava. Pelo menos era o que eu achava, após o que seria nossa despedida, notei um jeito estranho, quieto, distante, pensativa e frio, não quis te incomodar, imaginei que seria algum problema no trabalho, você nunca comentava, mas pela primeira vez quando te beijei senti meu corpo todo arrepiar, não de desejo, mas de medo, que medo era esse? Nem eu sabia responder...
Beijou-me a testa, ao invés de beijar minha boca, me disse adeus, e eu fiquei sem resposta, a nossa despedida mudou, senti meu coração apertar, como se você não fosse mais voltar. Os dias se passaram e as noites ficaram frias, voltei a rotina, mas minha mente permanecia em você. O que você estava fazendo? Com quem estava? Porque sumiu? E porque nem as minhas mensagens respondia?
Cheguei do trabalho cabisbaixa, com o dia detonada e quando olhei na caixa de correspondência lá estava, um envelope intitulado de CONVITE, não tinha remetente, somente destinatário, abri o envelope e logo me debrucei em lágrimas, seu nome lá estava juntamente com o de outra mulher, era um convite de casamento, mas no verso tinha escrito: “Os dias vividos com você foram os melhores da minha vida, perdão pelo convite, não sabia como te falaria, eu já estava noivo, mas por você me apaixonei, minha noiva tem uma doença terminal, não posso abandona-la, espero que um dia me perdoe, eu sei que não é justo te pedir, mas preciso te ver, antes de dizer o SIM.”
Meu mundo desabou, tudo que vivemos foi uma mentira, não podia acreditar que o meu coração você feria, como tinha coragem de me convidar para te ver casar com outra mulher, como eu poderia agir. Não conseguia pensar em nada, as lágrimas inundaram minha alma, não sabia o que fazer, eu iria te perder para sempre, após uma palavra, tudo mudaria. Fui sua amante quando na verdade queria ser sua mulher, como pode me enganar, você não tem coração? Como ousou me chamar para te ver? Não basta dilacerar meu coração e acabar com a minha alma?
Respirei fundo, segurando o convite, o que eu deveria fazer? Me deitei no sofá e comecei a refletir, se é uma despedida que seja para sempre, decidi ir te ver. Na data marcada, fui até o endereço que no convite estava, respirei fundo milhares de vezes para não chorar, adentrei na casa e subi os degraus, bati na porta a esquerda que tinha a placa escrito “NOIVO”, comecei a gelar, você abriu a porta e não pude evitar, as lágrimas foram traiçoeiras e desciam com velocidade percorrendo o meu rosto, você me puxou para um abraço, mas não consegui retribuir, como eu podia?
Você me olhou choroso e em seguida, ouvi batidas na porta, me virei para olhar quem era, você abriu a porta e era ela, a sua noiva, tão jovem e bonita, toda maquiada, tão bela de branco, senti uma facada no peito, amassei o convite que estava na minha mão, não sabia o que fazer, o que estava acontecendo, eu não conseguia compreender.
Ela caminhou em minha direção e veio gentilmente me abraçar, me disse obrigada, e eu fiquei sem entender. Ele olhou para mim e sorriu, disse: ela é a Ester e sabe de tudo que aconteceu.
Fiquei confusa, tentando entender o que estava acontecendo. Ester disse: Ele contou tudo do romance que tinha com você, eu logo vou morrer e quero que ele seja feliz, com ou sem mim, mas a escolha dele foi você. Não posso casar com um homem que já tem o coração ocupado por outra, não é justo deixa-lo preso a mim, quando na verdade ele ama você.
Eu a abracei e sorri, pedi perdão e disse que não sabia. Ela disse tudo bem, pegou a mão dele e a minha e juntou as duas. Disse chorosa: sejam felizes. E saiu batendo a porta. Ele me abraçou e pediu perdão, disse que a partir daquele dia não iria mais errar comigo e o nosso romance de verão, acabou ali mesmo, mesmo com o coração doendo, beijei seu rosto e disse adeus. Não podia continuar com o homem que mentiu e me feriu.
Continuei com minha vida sozinha e feliz, não tive mais contato com ele, mas o nosso romance de tarde ensolarada ficou gravado no meu coração.

-Nívea Alves

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

UM TEXTO CAFONA


Como a lua namora o mar, como o sol abraça as nuvens, como a brisa leve balança as folhas, é a delicadeza do amor.
Eu te escrevi milhares de textos com palavras doces e cafonas, mas o que eu posso fazer, eu sou poetisa de coração transbordado, apaixonada pelas curvas do teu sorriso. Eu juro que tentei rimar inúmeras vezes para falar sobre você, tentei te definir centenas de vezes, mas eu nunca consegui, mesmo que eu usasse todas as palavras ou até mesmo inventasse palavras novas, eu não conseguiria te descrever.
Porque quando te trata de você, a poesia fica sem rima, o texto fica grande, o conto vira romance e a crônica um livro gigante. Ouvi dizer que quando um escritor se apaixona, faz textos ruins e alguns sem sentido, mas não é verdade, nas curvas das letras num folha sem graça, a história ganha vida.
Mas não é para qualquer um ler, só consegue ver beleza aqueles que são lê-mores, aqueles que antes de ler a palavra, sente o toque do amor nos parágrafos, se deliciam nos pontos e virgulas, leem com a alma, sentem com o coração e compreendem que ser cafona é amar de corpo e alma.

-Nívea Alves

SE INSPIRE




Inspire-se no traço da linha de tinta que forma a letra. Inspire-se na folha decorada com cores vibrantes. Inspire-se na cobertura do marcador sobre as páginas. Inspire-se no lembrete que foi escrito no bloquinho de notas, para te lembrar o quanto você é importante. Inspire-se no traço da caneta em gel, de escrita macia e que te traz inspiração para um poema que vem do coração.
Inspire-se em sonhar, no ousar, no ser e no viver o diferente. Inspire-se a cada dia em tudo a sua volta e use a sua criatividade, nas cores, no momento de estudar, no trabalho e por onde você for, dê asas à imaginação e ouse ser livre.
 Crie, se atreva, seja, permita-se deixar exalar a sua essência e libertar a sua criança interior, mantenha sua alma e sua mente jovem, sem receio de se inspirar e ser a inspiração de alguém. Inspire-se!

-Nívea Alves

O MENINO JOSUÁ

A fome que me mata aos poucos, deixa minhas costelas aparentes, meu corpo fraco, minha visão turva e o descaso bem aparente. A fome da ignor...