quinta-feira, 26 de abril de 2018

A MENINA LAURA


PROJETO: CONTO O QUE VEJO

Laura tem três anos de idade e escuta sempre a discussão dos seus pais. Assustada, ela chora e grita sem parar no canto da parede. Ela só quer que eles parem de brigar e venham abraça-la, ela quer se sentir protegida e amada, mas isso não acontece, seu pai vendo que a menina não iria parar de chorar se aproxima e a xinga de todas as formas. Laurinha é inocente desconhece as palavras que seu pai fala, o que a deixa mais assustada e encolhida, tremendo de medo.
Passaram-se mais três anos e a situação não muda, pelo contrário, apenas piora. Laura agora com seis anos, é uma criança assustada e triste. Seu pai sem motivo algum a xinga e a maltrata, se ela chorar ou gritar, ou se não fazer o que ele mandar, ele a puxa pelo braço de forma bruta e a empurra.
Quando seu pai chega em casa, Laurinha já sabe tudo que irá acontecer, discussão, briga e agressão, a menina coloca as suas mãos pequenas em seus ouvidos e chora baixinho, temendo que o seu pai a escute e a bata mais uma vez, ela chora, um choro abafado, angustiado, carregado de dor e medo.
A menina se esconde debaixo da cama e escuta os gritos de sua mãe sendo espancada depois de discutir com seu pai. Laurinha desde cedo convive com a violência, privada de ter uma infância saudável a garota vive assustada, chorosa, quieta, arisca, seus olhos não brilham, seu sorriso é apegado e sofrido.
Paulo sobe as escadas com passos firmes e a pobre menina se encolhe debaixo da cama. Ele abre a porta do quarto dela e a procura.
-Laurinha, cadê você? Não precisa ter medo filha, a mamãe precisa de você. Eça está lá embaixo! –Paulo dá alguns passos até a cama da sua filha, fica de joelhos e levanta o lençol da cama.
Laura está com a mão na boca, tentando sufocar a dor nítida em sua alma, mas se assusta e grita ao ver que o seu pai estava com um cinto de couro na mão. Ele a puxa pelo pé e a bate, marcando o seu corpo magro. A menina grita histérica e chora.
-Papai para, por favor!
Quanto mais ela chorava e gritava, mais fortes eram os golpes com o cinto. Já sem forças para gritar e com a vista embaçada a garotinha se rendia a dor, não somente física, mas psicológica e espiritual. Sua respiração já estava fraca, quando ouviu a voz da sua mãe gritando desesperada:
-VOCÊ VAI MATÁ-LA, MONSTRO, MISÉRAVEL, DEIXE A MINHA FILHA EM PAZ!
Paulo parou de castigar Laura e começou uma luta corporal com Ana, sua esposa, que berrava
-ELA NÃO TEM CULPA, A CULPADA SOU EU, FUI EU QUEM TE TRAI, DEIXE A MINHA MENINA EM PAZ, MONSTRO!
Essas foram as últimas palavras que a menina Laura ouviu, mas em seu subconsciente ela entendeu o porquê Paulo a odiava tanto, mesmo ela não sendo culpada, seu último suspiro foi de alívio, ela nunca mais sofreria. Laurinha não resistiu aos ferimentos causados pelo homem que ela sempre chamou de pai, morrendo de hemorragia interna.
O céu ganhou mais uma estrela que sua mãe denominou como Anjo Laura, Ana já cansada de sofrer denunciou Paulo que foi condenado, mas ela nunca se perdoou por ter deixado esse homem impiedoso e cruel matar sua filha. Ana nunca pode dar o amor que Laura merecia por medo, mas seu medo custou a vida da sua filha que apesar de tudo, sabia que no meio do caos que vivia, sua mãe era tão vitima quanto ela e ela a amava com toda sua força até o último segundo.

-Nívea Alves

quarta-feira, 11 de abril de 2018

A CARTA



Eu escrevi uma carta de amor, a coloquei numa garrafa de vidro e a joguei no mar. A carta falava sobre amor, planos, sonhos, falava sobre você. Eu a entreguei ao mar para que o nosso amor pulasse as ondas, conhecesse a imensidão. Quem tiver a sorte de encontrá-la, será testemunha de um grande amor.
A carta conheceu a lua, reverenciou o sol e pronunciou a chegada de um amor verdadeiro que o tempo ainda não foi capaz de entender, o título estava escrito “Para o meu futuro amor”...

Para meu futuro amor,

Pode ser que a gente se esbarre por aí, num barzinho numa noite de sexta-feira, talvez eu não goste de você a princípio, mas você vai sorrir para mim de um jeito singular. Seus olhos irão brilhar, não porque está apaixonado por mim, mas porque o sono está se pronunciando, com um sorriso no canto da boca você vai me olhar e eu irei retribuir de forma tímida.
Talvez a gente pense que nunca mais irá se ver, mas o destino será traiçoeiro e nos esbarraremos mais uma vez na rua, apressados na correria do dia a dia, pensaremos que é coincidência, mas no fundo saberemos que não foi coincidência, foi destino.
O nosso primeiro beijo será espontâneo depois de uma conversa engraçada, nós iremos olhar-nos e quando pararmos para pensar, nossos lábios já estarão unidos...
Talvez nada disso aconteça conforme eu escrevo, mas se eu tenho uma certeza é que de alguma forma iremos nos encontrar, talvez demore algum tempo, mas eu já ouvi dizer que tudo que é para ser encontra um jeito de aparecer.
Quando olharmos para o passado iremos dá boas gargalhadas, porque de alguma forma o destino nos enganou, nos fez sofrer, mas depois que nós nos encontrarmos o sofrimento ficará no passado e os anos seguintes será de pura reciprocidade, porque mesmo antes de nós sabermos, já era para ser, eu e você.
 PS: Se você está lendo isso e soltou um breve sorriso, talvez seja o destino de certa forma nos unindo e quando pensar: “que loucura! ”, eu vou te entender porque a vida tem dessas coisas, quando você menos espera ela surpreende você!

-Nívea Alves

terça-feira, 3 de abril de 2018

EU DEVERIA...



Eu deveria ter dito, então porque não disse?
Eu deveria ter ido, então porque não foi?
Eu deveria ter ficado, então porque não ficou?
Eu deveria ter amado, então porque não amou?
Quantos deverias serão ditos até que se tome uma posição, uma atitude? O erro de muitas pessoas é o depois, é o amanhã, mas o depois e o amanhã são incertos, talvez os planos mudem, as prioridades também, talvez a vida acabe.
Não deva dizer, diga. Não deve ir, vá. Não deva ficar, fique. Não deva amar, ame. Por diversas vezes se perde o que ama por tão pouco, mesmo com todo arrependimento do mundo, as oportunidades não voltam!

-Nívea Alves


O MENINO JOSUÁ

A fome que me mata aos poucos, deixa minhas costelas aparentes, meu corpo fraco, minha visão turva e o descaso bem aparente. A fome da ignor...