UMA HISTÓRIA DIFERENTE, PARA PESSOAS DIFERENTES


Eu fui um troféu para você e não percebi, engraçado porque eu sempre te dei o meu melhor, mas para você eu só servia para estar na rodinha dos amigos, fotos e risadas falsas. Como eu pude não perceber?
Quando estávamos sós, você ficava distante, a todo instante no whatsaap, nosso beijos ficaram frios e você distante. Mas quando estávamos em público parecia o melhor namorado do mundo, excerto quando o meu melhor amigo John estava perto. Quando ele chegava, você se afastava de mim e iria sorrindo ao encontro dele, passavam horas conversando e você esquecia da minha existência.
Nós brigávamos tanto, eu tinha tanto medo de te perder, te sentia escorrer entre meus dedos, você evitava me tocar e quando falamos de sentimentos, do nosso futuro, você sempre se esquivava. Eu passei noites chorando, pensando que o problema era eu, mas numa noite durante uma festa, enquanto você me exibia como troféu, em busca de status sociais, você viu o John chegar.
E de repente tudo mudou, você se afastou de mim, percebi uma troca ardente de olhares entre você e ele. Depois de alguns instantes, você beijou a minha testa e disse que precisava ir ao banheiro, e foi. Enquanto eu, tomei uma dose de vodca, com os olhos marejados, respirei fundo e tomei coragem para ir atrás de você, e encontrei tudo que eu sempre tive medo de acontecer, você com outra pessoa.
Não qualquer pessoa, mas com o meu melhor amigo, não suportei aquela cena, você o beijava com nunca me beijou, com amor, com vontade, você o abraçava como nunca me abraçou e a minha fixa caiu. Você só precisava está comigo para não ter que assumir sua homossexualidade, você foi tão insensível e pensou apenas em si mesmo, que esqueceu que eu te amava.
Me usou de troféu para se exibir, para não ter que encarar a verdade e o pior, se aproveitou de mim se aproximar do John e os dois de forma baixa, sem nenhuma empatia, estavam tendo um caso. Eu confidencializei toda a minha vida para ele, contava do nosso relacionamento, chorava em seus braços e ele me golpeou de forma egoísta.
Não sabia o que fazer, se gritaria e iria expor tamanha traição, ou simplesmente sair e fingir que eu nada vi. Meu coração ficou despedaçado, então eu sai dali, fui embora, estava humilhada, ferida, com raiva e decepcionada. Quando cheguei em casa, meu celular tocou era você e eu não atendi, você me ligou de três a quatro vezes, até que desistiu e me mandou mensagem, mas eu também não respondi.
Deite-me na cama e deixei a tsunami de lágrimas escorrerem pela minha face, não tinha ideia que amar alguém podia doer tanto. Meu celular tocou mais uma vez, dessa vez era o John, eu não atendi. De repente a campainha da minha casa tocou, eu não me levantei. Não tinha forças para nada, só para sentir a dor que tomava de conta de tudo dentro de mim. Adormeci em meio as lágrimas e quando acordei, lá estava você, sentado na cadeira, olhando para mim.
Maldito dia em que te dei a cópia da chave da minha casa, eu me levantei num salto e em disparada fui em sua direção, queria te agredir, te xingar, te dizer o quanto eu te odiava, mas eu não consegui, cai em seus braços e comecei a chorar, como uma criança que precisava de colo.
-Como você pode? –falei em meio ao soluço.
Você deu um suspiro, já sabia que eu tinha descoberto da sua traição e respondeu:
-Não foi nada planejado, eu juro, não queria que fosse assim. É verdade, eu fui um canalha com você e peço perdão, mas eu me apaixonei pelo John, só que eu não podia expor esse sentimento, você sabe como é difícil assumir isso, eu não estava preparado para enfrentar preconceitos e o pior, para encarar você.
Eu não sabia se sentia ódio ou pena dele ser um ser humano, que usa as pessoas como objetos para não ter que encarar seus próprios medos. Olhei para ele com olhos avermelhados e cheio de lágrimas, e disse:
-Você não vai ter o meu perdão, você me usou como um objeto para que todos não soubessem a verdade sobre a pessoa desprezível que você é, manipulador, traidor e mentiroso, fraco. Você é um fraco, incapaz de encarar a sua própria verdade. Saia da minha casa e esqueça da minha existência, eu te odeio!
Os olhos dele ficaram marejados e ele se levantou sem falar nada, saiu.
E eu fiquei com a minha dor, os dias passaram se arrastando e ficou cada vez mais difícil lidar com a situação, eu estava me sentindo o lixo, queria me livrar da dor e comecei a me embriagar, dia após dia. Até que depois de alguns meses, voltei a sorrir, tinha propósitos e não podia permitir que a dor fosse maior do que meus planos.
Voltei para a faculdade, era difícil lidar com as perguntas e até mesmo de ver o John passar pelo corredor, nos tornamos inimigos, eu o odiava por ter mentido e me manipulado, ele no entanto nem se quer teve a sensibilidade de me pedir perdão, após aquele dia, ele se afastou e fingiu que eu não era ninguém, e assim eu também fiz.
Foram anos amargos, mas eu consegui me reerguer, e eles se assumiram, começaram um relacionamento. E eu conheci outra pessoa, um cara incrível, um namorado excelente, presente, atencioso, que satisfazia meus desejos e no último ano da faculdade, me surpreendeu com um buquê de flores vermelhas e um pedido de casamento. Hoje eu lembro do passado e dou risadas, eu era ingênua, confiava em todos, mas agora, passei a entender que confiar, é se atirar de um penhasco, sem saber ao certo se tem água ou pedras, mas que acima de tudo, amar também é confiar, mas está consciente que em algum momento eu posso me machucar.

-Nívea Alves

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