A MENINA LAURA


PROJETO: CONTO O QUE VEJO

Laura tem três anos de idade e escuta sempre a discussão dos seus pais. Assustada, ela chora e grita sem parar no canto da parede. Ela só quer que eles parem de brigar e venham abraça-la, ela quer se sentir protegida e amada, mas isso não acontece, seu pai vendo que a menina não iria parar de chorar se aproxima e a xinga de todas as formas. Laurinha é inocente desconhece as palavras que seu pai fala, o que a deixa mais assustada e encolhida, tremendo de medo.
Passaram-se mais três anos e a situação não muda, pelo contrário, apenas piora. Laura agora com seis anos, é uma criança assustada e triste. Seu pai sem motivo algum a xinga e a maltrata, se ela chorar ou gritar, ou se não fazer o que ele mandar, ele a puxa pelo braço de forma bruta e a empurra.
Quando seu pai chega em casa, Laurinha já sabe tudo que irá acontecer, discussão, briga e agressão, a menina coloca as suas mãos pequenas em seus ouvidos e chora baixinho, temendo que o seu pai a escute e a bata mais uma vez, ela chora, um choro abafado, angustiado, carregado de dor e medo.
A menina se esconde debaixo da cama e escuta os gritos de sua mãe sendo espancada depois de discutir com seu pai. Laurinha desde cedo convive com a violência, privada de ter uma infância saudável a garota vive assustada, chorosa, quieta, arisca, seus olhos não brilham, seu sorriso é apegado e sofrido.
Paulo sobe as escadas com passos firmes e a pobre menina se encolhe debaixo da cama. Ele abre a porta do quarto dela e a procura.
-Laurinha, cadê você? Não precisa ter medo filha, a mamãe precisa de você. Eça está lá embaixo! –Paulo dá alguns passos até a cama da sua filha, fica de joelhos e levanta o lençol da cama.
Laura está com a mão na boca, tentando sufocar a dor nítida em sua alma, mas se assusta e grita ao ver que o seu pai estava com um cinto de couro na mão. Ele a puxa pelo pé e a bate, marcando o seu corpo magro. A menina grita histérica e chora.
-Papai para, por favor!
Quanto mais ela chorava e gritava, mais fortes eram os golpes com o cinto. Já sem forças para gritar e com a vista embaçada a garotinha se rendia a dor, não somente física, mas psicológica e espiritual. Sua respiração já estava fraca, quando ouviu a voz da sua mãe gritando desesperada:
-VOCÊ VAI MATÁ-LA, MONSTRO, MISÉRAVEL, DEIXE A MINHA FILHA EM PAZ!
Paulo parou de castigar Laura e começou uma luta corporal com Ana, sua esposa, que berrava
-ELA NÃO TEM CULPA, A CULPADA SOU EU, FUI EU QUEM TE TRAI, DEIXE A MINHA MENINA EM PAZ, MONSTRO!
Essas foram as últimas palavras que a menina Laura ouviu, mas em seu subconsciente ela entendeu o porquê Paulo a odiava tanto, mesmo ela não sendo culpada, seu último suspiro foi de alívio, ela nunca mais sofreria. Laurinha não resistiu aos ferimentos causados pelo homem que ela sempre chamou de pai, morrendo de hemorragia interna.
O céu ganhou mais uma estrela que sua mãe denominou como Anjo Laura, Ana já cansada de sofrer denunciou Paulo que foi condenado, mas ela nunca se perdoou por ter deixado esse homem impiedoso e cruel matar sua filha. Ana nunca pode dar o amor que Laura merecia por medo, mas seu medo custou a vida da sua filha que apesar de tudo, sabia que no meio do caos que vivia, sua mãe era tão vitima quanto ela e ela a amava com toda sua força até o último segundo.

-Nívea Alves

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