Mesmo sem querer sentir, eu sinto.




Eu sempre fui complicada, sempre quis alguém que gostasse dessa complicação, mas quando alguém se aproximava, eu simplesmente me apavorava e queria fugir. Por muito tempo tive medo de entregar meu pobre coração cheio de espinhos, buracos e curativos, até que um dia eu percebi que se eu não entregá-lo a ninguém, eu não irei sofrer, mas também desconheceria o que é o amor.
O tempo não perdoa, ele foi passando e eu sentia um vazio tremendo, tentei de todas as formas preenche–lo de algum jeito, mas nada que eu fazia ajudava, chorava sem entender, ficava irritada sem nada acontecer, sentia medo de me aproximar de alguém, sentia medo de gostar de alguém. Há meu pobre coração cada vez mais espinhoso, suas crateras só aumentavam e o vazio dentro dele crescia consideravelmente, até chegar a um ponto que simplesmente não me importava com nada e nem com ninguém. Amor? Dane–se! Carinho? Tanto faz! Paixão? Não estava em meus planos! Gostar? Só de mim. Eu havia me tornado egoísta, vazia, impiedosa, sem sentimentos, sem reciprocidade...
O meu maior erro foi pensar que evitar sentimentos era não sentir nada, mas mesmo “sem sentimentos” eu os sentia. Sentia vazio, angustia solidão, tristeza... Eu sentia, eu sinto! Egoísmo não é uma forma de proteção, mas sim de dor em silêncio, de vazio extremo. Afinal quem eu queria enganar? Sou humana, mesmo sem querer sentir eu sinto, tive opções de escolher sorrir, mas eu preferi a solidão, lágrimas, tive medo de entregar meu coração e acabei vivendo de espinhos.

–Nívea Alves

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