A traição (Parte 4)
- Alô?
-Alô. Quem fala por gentileza? – educadamente
ele atende ao telefone.
-A moça que o “senhor” atendeu uns dias
atrás, a que deu um murro na cara de um rapaz. A propósito meu nome é Lívia.
-Lembrei! –retruca. –como você está? Algum problema
com sua mão? –indaga.
-Estou bem, mas minha mão não está nada bem.
Está doendo muito, pois tropecei no tapete ainda a pouco e no ato de amortecer
a queda a machuquei. –respirei fundo.
-Hoje não estou no hospital, estou de folga,
mas se você quiser vou até sua casa da uma olhada em sua mão. –gentilmente ele
fala.
-Agradeceria muito.
Eu
estava me sentindo tão idiota, afinal além de “corna” sou desastrada, não
estava nos meus melhores dias literalmente. Gentilmente o médico que eu
conhecera no hospital se dispôs a vir até minha casa, caso contrário estaria
“ferrada”. Ele logo chegou, olhou minha mão e apenas disse pra eu por gelo em
cima dela, que tenho sorte de não ter a ferido muito. Eu lhe ofereci um café,
ele gentilmente aceitou. Logo quando menos percebemos estávamos conversando
muito, sobre nossas vidas. Ele chegou a dizer que é solteiro e tinha 25 anos, e
adorava essa vida de ser médico, e que se sentia bem cuidando das pessoas, ele
até disse que pensa em casar-se algum dia, outrora não encontrou a mulher certa
ainda. Prestei atenção em tudo que ele dissera, e a forma que ele falou
pareceu-me bem inteligente e determinado, ao falar de sua profissão os olhos
dele brilhavam e logo quando ele menos percebeu saiu um sorriso bonito e
singelo de seus lábios.
-A conversa ta ótima, a companhia está muito
agradável, mas tenho que ir, se você quiser qualquer dia desses... A gente sai
para jantar que tal? –indagou
-Hum... A gente vê aí... Qualquer dia
desses... –então dou um sorriso leve, e lanço um olhar de um suposto “talvez”.
-Então posso te ligar?
-É... Claro... Pode sim!
-Ok! Então te ligo amanhã para nós marcarmos
nosso jantar, pode ser?
-Sim. – retruco.
Então
ele se foi. Sinceramente o achei muito lindo e bem agradável. Tem um charme
encantador, mas não sei se estou preparada para um “encontro” afinal há alguns
dias atrás eu estava comprometida, descobri uma traição. E me aparece o Max,
encantador e gentil. Não sei isso me deixa confusa, ele deve me achar uma
louca, que tipo de garota da um murro na cara de alguém? – respiro fundo e
deixo meus pensamentos e questionamento tomarem conta de mim.
Ele
no dia seguinte ligou para mim, fiquei um pouco nervosa admito. Estava com certo
receio de ser “iludida” novamente, afinal ele é o tipo de cara que muitas garotas desejariam, ele era lindo,
tinha um sorriso singelo, era educado, um cavalheiro literalmente. E como podia
estar solteiro? Ele era “perfeito”.
Marcamos para ele vir me buscar as 07h00min da
noite, estava ansiosa, nem se quer podia disfarçar isso, meu primeiro “encontro”
depois de tudo que acontecera comigo. Fico me perguntando se devo mesmo ir? Por
que tipo acabei de sair de um relacionamento, será que não estou sendo muito
apressada? Quer dizer ainda to magoada, ferida e triste, ele sabe de tudo isso,
e mesmo assim quer jantar comigo? Meu Deus. –respiro fundo, na tentativa inútil
de parecer nada ansiosa, coisa que é impossível, enfim, mas eu topei sair com
ele o que me resta é encarar isso e tomar coragem.
Ele
me surpreendeu ao vir me buscar trouxe um lindo buquê de flores vermelhas (minhas
preferidas), com o mesmo sorriso singelo de sempre, só que estava mais
arrumado, inclusive estava de terno, e com um perfume maravilhoso.
Logo
chegamos ao restaurante, sinceramente não estava esperando ouvir tudo aquilo...
Ele
me dissera que se mudou para a de Boa Vista, quando sofreu uma grande decepção,
ele não hesitou em contar os detalhes, me disse que era noivo que sua noiva era
belíssima, educada, gentil e sempre dizia que o amava, ele também a amava, ele
estava na faculdade concluindo o seu curso de medicina, teve que ficar um
mês e meio longe dela, ela o apoio
normalmente como sempre fizera, ela disse que iria aguardá-lo ansiosamente, ele a beijou e se despediu. Então aconteceu um imprevisto e ele voltou
antes do tempo que dissera, ele todo contente, mal saiu do aeroporto e já foi
diretamente para o apartamento dela, comprou um lindo buquê de copo de leite,
as preferidas dela assim ele disse. E logo subiu no elevador e como ele tinha a
chave e queria fazer surpresa a ela, chegou de mancinho abriu a porta e foi em
direção ao quarto dela, quando de repente ele vê uma cena na qual disse que
jamais esquecerá, ela estava com outro na cama debaixo dos lençóis e as roupas
jogadas pelos cantos do quarto naquele momento o mundo dele desabou. Ele queria
matá-los, mas a única coisa que fez foi jogar o buquê no chão e sair. Ela então
enrolou o lençol no corpo e foi correndo atrás dele, numa tentativa inútil de
dizer que não era “nada daquilo que ele imaginava” que ela “não queria”, que
foi “seduzida” pelo rapaz que estava com ela. Ele me disse que simplesmente
sentiu nojo dela, repugnou, e lhe disse: - Acabou! – e saiu. Ele tava com o
coração sangrando, queria morrer, afinal ele sempre a respeitou, amava, por que
ela fez isso?
Eu
escutei tudo atenciosamente, eu sabia e senti tudo que ele descrevera só não
podia imaginar que isso tinha acontecido com ele também. Nós fomos traídos da
forma mais cretina que existe, eu sei exatamente como ele se sentiu, nós dois
feridos, com o coração em pedaços, agora pude entender por que ele quis sair
comigo, ele sabia que também sentira e passara por tudo isso que ele me contou,
em parte me senti bem pela confiança que ele depositou em mim. Mas ainda estava
incrédula, como pode uma cretina dessa trair um cara como esse? Tudo que ele me
contara eu podia vê que era verdade os olhos dele, conversavam com os meus da mesma forma que nossas bocas
trocavam palavras.
(Continua)
-Nívea Allves
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