A FAMÍLIA E O ÁLCOOL (Micro-conto)



Raír saiu cedo para o bar deixando João e eu em casa. Duas horas depois, Raír voltou com uma garrafa de bebida na mão, totalmente bêbado e descontrolado ele gritou comigo, exigindo que eu lhe desse dinheiro para comprar mais bebida.
-Eu não tenho! –falei.
Exaltado ele levantou a mão e me golpeou com um murro no rosto, eu caio no chão. Raír grita e me chuta, eu me encolho no chão. Nosso filho escuta e logo vem correndo com seu cofre de gesso nas mãos, ele chora sem parar e fica em minha frente, estende suas mãos para o pai e lhe oferece seu cofre com as poucas moedas que juntou.
-Tome, volte para o bar! –João fala chorando.
Raír puxa o cofre das mãos do nosso filho de 5 anos e saí batendo a porta. João e eu ficamos ali mesmo no chão, ele me abraça e me beija.
Essa foi a última vez que vimos Raír. Fiz as malas, peguei na mão de João e fomos embora para casa dos meus pais. Dois dias depois recebi a notícia que Raír foi brutalmente assassinado depois de participar de uma briga no bar. Agora somos apenas João e eu, e quanto vida eu tiver nenhum homem jamais irá me bater e meu filho nunca mais irá presenciar tamanho desrespeito, violência e dor.

-Nívea Alves

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