NÃO FALE NADA! - Capítulo 1
NÃO FALE NADA!
ELES NÃO SABEM O QUE ELA ESCONDE ATRÁS DO SEU SORRISO.
BASEADO EM FATOS REAIS.
CAPÍTULO 1
Há feridas que remédio
nenhum pode curar, a feridas que não cicatrizam, porque não são no corpo, mas
sim na alma, no coração, são sentimentos quebrados, são momentos tristes e são
pedidos de desculpas atrasados.
Durante toda minha vida
eu fui machucada com palavras ofensivas, ouvi diversas vezes que ninguém iria
olhar para mim. Feia, gorda, quatro olhos, cabelo de palha... Tem noção que
palavras assim podem tatuar a vida de uma pessoa? Não. Pois repensem seus atos
e pensem bem antes de falar. Ouvia tanto isso que simplesmente passei a
acreditar e levar isso para minha vida, mesmo que eu gostasse de um rapaz,
simplesmente eu me calava, escrevia apenas em meu diário, desde meus
sentimentos secretos, até aqueles que escorrem em meus olhos.
Querido
diário,
Hoje
o dia foi complicado para mim, me sinto triste, mas todos ao meu redor não
percebem, ou fingem não perceber, mas quer saber? É melhor assim.
Mais
uma vez coloquei um sorriso estampado no rosto e fingi que estava bem, evitei
muitas vezes olhar nos olhos das pessoas, não quero desabar na frente de
ninguém, se eles soubessem que por trás de toda marra que pareço ter, sou tão
frágil como um vidro que vira estilhaço ao cair no chão, se eles soubessem...
Não,
é melhor eles não saberem, prefiro ser forte, isso vai passar, tem que passar,
mas já faz oitos anos... Dane–se, tenho que sorrir, sorria talvez meu coração e
pensamento entendam que sorriso é sinônimo de felicidade e não de esconder
tristeza.
A grande verdade é que
minto para mim mesma já faz muito tempo, eu não sou nenhum pouco, perfeita, não
tenho o melhor cabelo, não tenho o corpo estrutural, não sou a mais bela, meus
olhos não são azuis e minha pele é branca pálida, para completar a situação uso
óculos, durante, hum, minha vida toda? Isso mesmo!
Sou nordestina, tenho
20 anos no tempo atual, à escrita em minha vida se tornou importante porque
simplesmente eu não confiava em ninguém para falar sobre meus sentimentos, ou
simplesmente sonhos e idéias que talvez possam não acontecer, mas quando
escrevo eu torno isso real, as histórias, os romances, as ficções são meu
mundo, no qual eu permito que as pessoas conheçam.
Eu nunca fui boa para
falar sobre meus sentimentos, não sei falar ‘eu te amo’, eu prefiro escrever EU
TE AMO!
Não sei lidar bem com
sentimentos, mas adoro tentar descrevê-los, quem dera eu pudesse fazer o
roteiro da minha própria história e substituir meus erros por acertos, talvez
eu tivesse um final feliz com ele.
O conheci quando era
mais nova, mas desde que eu o vi, simplesmente me apaixonei, mas tinha muitos
medos e receio de falar o que eu senti, ou melhor, do que eu sinto, durante
algum tempo nós perdemos o contato um com outro, mas a vida, ou até mesmo quem
sabe o destino resolveu nos dá uma forcinha, quando me mudei para outra rua,
ele conseguiu meu contato, nós trocávamos SMS, em parte eu me sentia bem em
saber que ainda era importante para ele, mesmo com o passar do tempo e da
distancia.
Marcamos de nos ver,
minha prima e eu fomos para a pracinha próxima a minha casa, o céu estava
nublado, era noite, o vento estava frio. Deu a hora que havíamos marcado e ele
simplesmente não estava ali, eu já ia embora quando escutei alguém gritar pelo
meu nome, eu girei os meus calcanhares e eu o vi correr em minha direção, com
seu sorriso metálico ele me pede desculpa pelo atraso, eu resmungo e sinto
minhas pernas ficarem bambas, nosso olhos se cruzam e um filme passa em minha
cabeça.
A primeira rejeição, as
palavras que pessoas queridas me lançaram “gorda, feia, estranha, ninguém vai
te querer...”, sinto como se eu fosse vomitar, como se eu tivesse levado um
murro na barriga. Isso é real? Ou será que ele está me fazendo de boba? Pensei
e repensei. Cheguei à conclusão que iria ficar com ele, irei iludi–lo,
magoá-lo, ele não tem o direito de brincar com meus sentimentos, se isso for
algum plano diabólico e ele está pensando que eu que irei ficar apaixonado e
depois ele irá me largar, ele está muito enganado e que se inicie a vingança.
Por trás de todos esses pensamentos eu sorri olhando em seus olhos e com todo o
plano elaborado, todas as ofensas que um dia ouvi ecoam em meus pensamentos,
então o abraço e o beijo.
Olho em seus olhos, nós
conversamos, ele nem se quer desconfia que o preço de tentar brincar comigo
saíra muito caro. Ele me elogia, com seu seus dedos desenha meus lábios, seu
sorriso cínico e aparentemente feliz tomam forma em seus lábios, ele me abraça
forte e sinto uma pontada em meu coração, meus olhos se enchem de lágrimas e
rapidamente olho para o céu e respiro fundo, quando ele me solta olho para o
chão e minto dizendo que algo caiu em meu olho, ele leva a mão em meu queixo e
me olha, com seu polegar na minha bochecha se aproxima, tira meu óculo e fica
bem próximo do meu olho, sopra lentamente. Olho para ele, eu estou paralisada,
o que foi isso? Ele está cuidando de mim? Porque estou me sentindo frágil desta
forma, meu coração acelera, meu corpo se arrepia e num piscar de olhos seus
lábios estão beijando meu pescoço. Com o óculo de volta no rosto, reviro os
olhos e respiro fundo, fecho os olhos e logo nossos lábios se encontram mais
uma vez, mas dessa vez é diferente, meu óculos fica manchado. O empurro e
resmungo, ele me puxa contra seu corpo e tira o óculo do meu rosto, me olhando
de perto, a chuva começa a cair, molhando meu cabelo que está na chapinha, mais
uma vez o empurro e fico de costas para ele, tento proteger meu cabelo. Ele me
chama de fresca e me puxa pela cintura, beijando meu pescoço e mordendo levemente
minha orelha, me viro e ficamos defronte um para o outro, ele segura em minha
mão e me guia para perto de um restaurante, para nos proteger da chuva. Minha
prima continua se pegando com o rapaz debaixo da árvore, eu olho em direção a
ela e sorrio, com a cena hilária.
Ele coloca sua mão
quente em meu rosto, o sinto e olho para cima, ele é mais alto que eu, ele
sorri.
–Baixinha! –ele
cochicha.
–Idiota! –falo séria.
Ele beija minha testa e
me abraça, ao perceber que estou com frio, beija o topo da minha cabeça e me
acolhe em seu peitoral magro. Sinto seu coração bater acelerado e por um minuto
repenso em tudo que pensei anteriormente, e me afasto dele, chamo minha prima
para irmos embora, tenho que sair daqui, eu preciso sair, estou confusa.
–Lise, por favor, fique mais um pouco! –ele
pede.
–Está tarde, depois nos
falamos! –minto e pego na mão da minha prima, ela resmunga e nos dirigimos para
casa.
Ela fala inúmeras coisas,
mas não presto atenção, respiro e inspiro. Ela desce a ladeira que dá acesso a
casa dela e eu caminho rápido para casa. Entro, fecho o portão e em seguida a
porta e me dirijo ao meu quarto, visto meu pijama e me deito na cama, olho para
o teto tentando entender o que se passa dentro de mim e me celular vibra em
cima da cama, olho para ele e vejo uma mensagem.
Ele:
Quando iremos no ver
novamente?
Vejo a mensagem,
respiro fundo e coloco o celular no chão, em seguida viro e durmo.
-Nívea Alves
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