O CORAÇÃO E A CONSCIÊNCIA

Eu adormeci depois de um dia cheio que me arrancou lágrimas que pesavam toneladas, que tola eu fui, achei que as pessoas entenderiam se eu falasse dos meus planos e vibrariam junto comigo, ao ouvir sobre os meus sonhos. Repousei a minha cabeça no travesseiro e as gargalhadas, e deboches ecoaram em minha mente, chorei até cair no sono, ainda bem que o meu travesseiro não fala...

No mundo dos sonhos comecei caminhar numa estrada esburacada sozinha, não tinha ninguém por perto, eu já estava me sentindo cansada e triste, até que eu avistei um casal de idosos, o senhor deles estava numa cadeira de rodas e tossia muito, e a senhora usava uma venda nos olhos, e se apoiava na cadeira de rodas.

Me aproximei curiosa, o que esse casal de idosos fazia nessa estrada de terra tão esburacada? Ao me aproximar a senhora com venda nos olhos abriu um sorriso triste, como se ela me visse, mesmo estando com a venda.

-Precisam de ajuda? –indaguei.

O senhor que estava na cadeira de rodas e com olhar triste, tossiu e olhou para o chão, tão triste, como se não quisesse falar.

-Você pode nos ajudar? –a senhora falou com a voz fraca e tremula.

-Sim, me digam o que precisam!

-Que você pare de nos matar, sentimos tanta dor e a cada dia morremos mais um pouco, por favor, pare!

-Mas eu nem os conheço, como eu estou matando vocês?

O senhor ergueu o olhar e com lágrimas nos olhos, falou: -você nos mata a cada segundo que deixa de acreditar que você é capaz, você nos mata quando deixa que os outros ditem a sua vida, você nos mata todos os dias, um pouquinho de cada vez!

Senti um aperto no peito e as lágrimas brotaram em meus olhos.

-Nós somos a sua consciência e o seu coração, o coração está enfermo absorveu tanta descrença, sentiu tanta dor, ficou tão triste que ficou doente, o pobrezinho está na cadeira de rodas, não para de tossir o que tanto ecoou na sua mente... E eu estou com a venda nos olhos, porque ceguei, não consigo enxergar os meus planos e as minhas decisões, porque decidi ouvir os outros e esqueci de mim, esqueci o que era importante para mim, não consigo me guiar sozinha, porque o coração está fraco e ele era o meu norte. Pare de nos matar, por favor!

Passei a entender e de joelhos fiquei, pedi perdão para minha consciência e o meu coração, me senti sendo arrastada, nem ao menos pude me despedi, eu me acordei. Refleti sobre o meu sonho e pedi perdão para mim mesma, me adoeci com as críticas e me matei inúmeras vezes, sem nem ao menos perceber, ergui a cabeça decidi mudar, decidi viver.

-Nívea Alves