A MINHA DOR

(SETEMBRO AMARELO)

Não diga que sabe o que eu sinto, a minha dor é diferente da sua. Por diversas vezes, eu sorri para não ter que explicar o caos que acontecia dentro de mim; é frescura, eu ouvi alguém comentar quando me viu chorar, é tão fácil julgar quando não se vive essa batalha interna e externa.
Quando cai a noite e as luzes se apagam, eu me afogo em lágrimas e sufoco o meu grito com o travesseiro, os meus pensamentos me levam a indagar: qual é o motivo de eu estar neste mundo?
A resposta eu desconheço e o furacão que acontece dentro de mim me leva a um precipício, que me faz perceber que a morte é o alivio para essa dor insuportável que eu sinto aqui dentro de mim.
Ouço as pessoas comentarem que depressão é: falta de reza, é falta de amor, é frescura, quer chamar atenção, que é um vazio. Tolos, eu luto todos os dias para sorrir, porque meus olhos ardem para que eu transborde.
Eu consigo enganar a todos, excerto a mim. Eu não me sinto vazio, eu me sinto cheio, cheio de sentimentos que eu não sei lidar e a cada segundo eles crescem descontroladamente, me deixando com a sensação de que nada mais importa, que eu já morri por dentro, só estou sobrevivendo por fora.
Eu me machuquei, eu chorei, já conversei, mas ninguém é capaz de entender o que se passa aqui dentro. Eu pareço bem, afinal é só sorrir, mas a verdade é que aqui dentro está uma bagunça e quando eu desabafo com alguém, me dizem que eu sempre falo a mesma coisa, que isso é chato, que vai passar, mas quando eu desabafo eu estou pedindo ajuda discretamente, mas ninguém me escuta.
Antes que o caos aqui dentro me destrua, eu prefiro destruí-lo. A culpa foi minha, eu quis acabar com a dor, eu sinto muito se eu acabei com a vida.

-Nivea Alves

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